“Há importação de aço exagerada e desorganizada no Brasil”, diz Steinbruch, CEO da CSN
Em meio à comemoração do recorde histórico de produção e vendas registrado no 3T23, a CSN (CSNA3) aproveitou a teleconferência de resultados do último trimestre, realizada nesta terça-feira (14), para criticar a entrada desenfreada de aço no país.
“Sobre a importação de aço que está correndo de forma exagerada e desorganizada no Brasil, na verdade, a gente tem que fazer o mesmo que fazem com a gente. A maioria dos países tem 25% de taxação e alguns deles tem essa taxação mais cota. Aqui, nós tínhamos 12,5%, baixamos para 6%, voltamos para 9%, mas estamos muito defasados do que é praticado no mundo”, disse Benjamin Steinbruch, CEO da CSN.
Segundo ele, o governo sabe exatamente o que precisa ser feito. “A gente não precisa ter por parte do governo nem prática nem habilidade. É só fazer. É só copiar o que fazem com a gente que está de bom tamanho”, acrescentou.
“A gente não pode deixar que produtos sem qualidade e fora de especificação técnica seja importado livremente no Brasil, comprometendo inclusive segurança. E fazendo com que o mercado desequilibre completamente”, criticou a analistas.
Mesmo com reclamações, o balanço da empresa foi bem recebido pelo mercado e as ações dispararam 8,69%, cotadas a R$ 13,63. No terceiro trimestre, a empresa lucrou 61% a menos, mas aprovou pagamento de dividendos.
CSN: Mundo vive protecionismo
A CSN afirma ser a companhia do setor mais prejudicada com o excesso de importação de aço no Brasil. Para Steinbruch, o mundo vive um período de protecionismo e o governo brasileiro não pode ficar indiferente ao que o resto do mundo está praticando.
“A gente fala muito em arrecadar mais, taxar mais, e ninguém fala em gastar melhor ou gastar menos. Mas, na verdade, nós precisamos desonerar a economia”, disse.
Mesmo com os importados, a empresa tem previsão de preços e demanda de aço estáveis no 4T23, com tendência de queda de produtos importados.
Recompra de ações não funciona
Marcelo Ribeiro, CFO da CSN, comentou na teleconferência de resultados que a discussão dividendos versus buyback (recompra de ações) “não tem resposta muito preto no branco”.
Segundo ele, o que a companhia já viu por experiência própria é que fazer buyback para recuperar o valor da ação não funciona.
“Tem efeitos muito transitórios e no final o que importa é remunerar o acionista. A gente acredita que ter uma política com certa previsibilidade é melhor para o acionista do que buyback, que são bastante discricionários e pouco previsíveis”, comentou.
“A gente está numa fase de pagar dividendos um pouco maiores do que foi ano passado, remunerar um pouco o acionista, dentro de uma lógica de manter alavancagem de maneira cadente. E é isso que foi feito hoje”, complementou.
Outro assunto tratado na teleconferência da CSN foi a alavancagem da empresa. Ribeiro crê que a companhia possa atingir meta de alavancagem abaixo de 2 vezes em 2024.
Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/11/2023